Na última semana, a música “Borderline” gerou ampla repercussão nas redes sociais e na mídia, não por sua melodia ou letra, mas pelo estigma que carrega em relação aos transtornos psiquiátricos. Ao utilizar de forma leviana um termo técnico como “borderline” para rotular comportamentos e atitudes, a canção reforça estereótipos e alimenta o preconceito contra pessoas que enfrentam desafios emocionais e psicológicos.
Como médico , vejo com preocupação o impacto que manifestações como essa podem ter na saúde mental coletiva. O estigma associado aos transtornos psiquiátricos ainda é um dos maiores obstáculos para que as pessoas busquem ajuda profissional. Muitas vezes, o medo de serem rotuladas ou julgadas impede que indivíduos em sofrimento procurem o apoio necessário.
A psiquiatria, enquanto especialidade médica dedicada ao cuidado da saúde mental, tem avançado significativamente nos últimos anos, com novas abordagens terapêuticas e maior compreensão dos transtornos. No entanto, o preconceito persistente dificulta o acesso ao tratamento e perpetua o sofrimento de muitos.
É fundamental que, como sociedade, reflitamos sobre o impacto de nossas palavras e atitudes. A música “Borderline” é um exemplo claro de como a desinformação e o desrespeito podem contribuir para o estigma e afastar as pessoas do cuidado que precisam. É responsabilidade de todos nós promover um ambiente de acolhimento e compreensão, onde a saúde mental seja tratada com a seriedade e respeito que merece.
A evolução da saúde passa pela desconstrução de preconceitos e pela promoção de um diálogo aberto e informado sobre os desafios emocionais e psicológicos que todos enfrentamos em algum momento da vida. Que possamos, juntos, construir uma sociedade mais empática e comprometida com o bem-estar de todos.
Por Dr. Paulo Caponi – Médico Pós graduado em saúde mental e psiquiatria.