
Fauna local se adapta às estruturas e amplia uso das passagens
Um levantamento recente do Programa de Proteção e Monitoramento de Fauna (PPMF), coordenado pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), apontou avanços significativos na utilização das passagens aéreas instaladas ao longo da ERS-040. As estruturas, conhecidas como pontes de corda, têm como objetivo permitir a travessia segura de animais silvestres e reduzir atropelamentos, com foco especial na proteção do bugio-ruivo (Alouatta guariba), espécie ameaçada de extinção.
Entre setembro de 2024 e maio de 2025, mais de 4 mil registros em vídeo mostraram a presença de mamíferos utilizando ou se aproximando das passagens. A pesquisa evidencia uma adaptação progressiva da fauna local às novas estruturas, que servem como corredores ecológicos sobre a rodovia, que passa pelas cidades de Porto Alegre, Viamão, Capivari do Sul e Balneário Pinhal.
Bugio-ruivo e ouriço estão entre as espécies mais registradas
De acordo com o relatório técnico, o ouriço (Coendou sp.) lidera o ranking de registros com 1.902 aparições, seguido pelo bugio-ruivo, com 1.335, e o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), com 220. Das 20 pontes monitoradas, 19 foram utilizadas por alguma espécie, o que revela a eficácia do projeto.
O bugio-ruivo, um dos alvos prioritários do monitoramento, foi avistado em sete passagens, com maior frequência em quatro delas. Já o ouriço foi flagrado em quase todas, mostrando grande adesão à infraestrutura implantada.
Mesmo nas pontes sem registros diretos de travessia, foram observadas presenças nas proximidades, sugerindo um processo de familiarização por parte dos animais.
Fatores ambientais e estudos complementares
A equipe técnica também testou variáveis como largura das pontes, distância entre estruturas e cobertura vegetal para verificar correlações com o uso das passagens. Contudo, os dados estatísticos não revelaram relação significativa entre essas características e a frequência de uso. A hipótese atual é de que a presença dos animais no entorno seja mais determinante do que os fatores estruturais.
Com isso, estão previstos novos estudos, que incluirão gravadores autônomos de som para mapear vocalizações e identificar áreas de maior presença dos bugios. As informações vão subsidiar a instalação de novas passagens aéreas em locais mais estratégicos.
Paralelamente, o PPMF realiza o registro contínuo de atropelamentos, a partir da coleta de carcaças feita pelas equipes de conservação da EGR. Os dados alimentam análises de tendência e permitem verificar a efetividade das medidas de mitigação implementadas.
Sobre o Programa de Proteção e Monitoramento de Fauna
O PPMF é executado pela STE – Serviços Técnicos de Engenharia, com apoio do Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (Nerf) da UFRGS, no âmbito do Plano Básico Ambiental (PBA) da EGR. Iniciado em 2019, o programa está em sua segunda fase, com foco na implantação e no monitoramento das ações mitigadoras exigidas pelas Licenças de Operação (LOs) da Fepam.