Olá, companheiro de conversa. Espero que esteja bem e seguro. Hoje gostaria de trazer uma temática um pouco mais delicada para a nossa conversa: como lidamos com a raiva? A vemos somente como violenta?Temos medo dela?
A raiva é uma emoção básica que todos temos, humanos e alguns animais. E assim como todas as emoções, é resultado de um processo evolutivo, ou seja, a desenvolvemos para fins de proteção e sobrevivência. Se algo nos ameaça de alguma forma, as respostas físicas mais simples são: luta ou fuga. Podemos nos esquivar, nos retirar, nos proteger, ou podemos enfrentar, lutar e reagir em nossa defesa. As emoções envolvidas aqui são a raiva e o medo, ambas imprescindíveis em nossas vidas. Não é possível eliminar emoções de nossas vidas, sem eliminar também uma parte valiosa dela. As emoções nos servem como bússolas, indicando caminhos possíveis para nos aproximarmos do que há de mais valioso para nós.
Para nos aproximarmos do que valorizamos na vida, precisamos fazer movimentos em direção a isso, e é aqui que a raiva é tão importante. A raiva pode servir como um impulso, uma força em direção a mudar a realidade da forma que se apresenta. Isso pode ser relacionado a processos emocionais individuais ou sociais. Quando nos deparamos com algo que está nos atrapalhando ou nos afastando da vida que queremos viver, ou até avaliamos como uma injustiça, a raiva pode ser nossa aliada. A raiva não precisa ser descontrolada. Ela é uma reação, indicando que há algo ultrapassando algum limite nosso, ou atrapalhando nosso acesso com maior plenitude ao que valorizamos.
A raiva organizada, orientada a mudanças significativas individuais ou coletivas, pode ser revolucionária. Em última instância, a raiva muitas vezes nos permite o movimento necessário para construir uma vida que vale a pena viver. Acolher essa emoção, olhá-la nos olhos sem recuar, sem temer, é uma forma possível de nos encontrarmos a nós mesmos.